terça-feira, 18 de outubro de 2011

O Jovem e a Política do Pão e Circo


Fico bastante preocupado quando ouço um jovem perguntar qual é a banda famosa que o prefeito vai trazer para comemorar a festa de emancipação política do município? Não compreendo a  relação existente entre uma festa de emancipação política e a gastança irresponsável de verba pública. Até o limiar dos anos de 1980 não era usual essa lógica insana em nosso meio. Cresci vivenciando as festas de emancipação sendo comemoradas com hasteamentos de bandeiras, discursos, desfiles, palestras, exposições culturais, concursos literários, dramaturgias, jograis e celebrações religiosas. As apresentações de bandas renomadas e shows de artistas famosos eram as atrações dos bailes pagos e, posteriormente, foram inseridos nos eventos populares que fazem parte do calendário municipal: carnaval, festas de padroeiros, festas juninas, comemorações alusivas ao Natal e Ano Novo. Até porque nenhum destes citados eventos tem a ver com civismo e patriotismo, mas a Independência do Brasil, Dia da Bandeira e a emancipação política dos estados e municípios estão relacionados à luta e bravura de um povo e o amor pela terra onde nasceu.
 Os nossos jovens tornaram-se mal acostumados pelos maus políticos. Eles estão entorpecidos pelas drogas sonorizadas que impregnam uma geração com expressões pornofônicas e gestos sensuais nos grandes palcos ornamentados de imoralidade. Hoje a situação chegou a tal ponto que até para comemorar aniversário de boneca é exigida uma banda famosa. Os nossos jovens precisam acordar desse pesadelo que atormenta as pessoas experientes. É preciso resgatar os bons costumes que evaporaram com o passar do tempo. Urge cair na real. A “política do pão e circo” não deve ser ressuscitada dos túmulos tenebrosos da Antiga Roma onde, no apogeu do Império Romano, “o todo poderoso imperador” oferecia espetáculos contínuos e gratuitos à população que vivia mergulhada na mais humilhante subserviência ao poder dominante, que não dava ao povo o direito de exigir dos políticos uma melhor qualidade de vida, isto é, o povo vivia escravizado por um regime desumano e autoritário.
Os jovens precisam estar conscientes dos direitos fundamentais do cidadão brasileiro, ou seja, liberdade, moradia, saúde, educação, trabalho e vida com dignidade. Desconhecer seus direitos significa estar mergulhado nas trevas da ignorância. Ser cúmplice de desmandos administrativos também é ser infrator.  Por que os nossos jovens não estão preocupados com os indicadores sociais do município e do estado onde moram?   Por que os jovens em vez de exigirem gastos astronômicos na contratação de bandas famosas não exigem dos gestores o bom emprego do dinheiro público? Principalmente porque é crescente o conjunto de problemas que conduzem à miséria social – desemprego, fome, crianças de rua, drogas, prostituição infantil, sucateamento de hospitais e escolas, inexistência de saneamento básico na grande maioria das cidades, falência das instituições de segurança, violência desenfreada, impunidade, corrupção e muitos outros. Será que a contratação de bandas famosas e shows em praças públicas vão resolver os problemas que afetam a sociedade brasileira?
Por estas e outras razões, a nossa juventude necessita repensar seus valores invertidos, um comportamento esdrúxulo que não condiz com a realidade da miséria escancarada nos mais de cinco mil municípios brasileiros. É necessário erradicar a “política do pão e circo” ressuscitada neste País pelos saqueadores dos cofres públicos. Os vampiros das finanças públicas precisam ser cobrados, punidos e extirpados da política brasileira. Os jovens precisam ser menos festeiros e mais fiscais das políticas públicas. Não devem se deixar ludibriar pelo som estridente dos instrumentos musicais ao tempo em que os indicadores sociais são cada vez mais catastróficos e a qualidade de vida da população é drasticamente achatada.
A promoção constante de festas pelos governos municipais, estaduais e federal, pagas com o dinheiro dos nossos impostos, significa uma farra imoral com o dinheiro vindo dos nossos impostos. Tais abusos precisam ser rejeitados pelos jovens, pois a juventude não deve compartilhar com esses desonestos palhaços do picadeiro da corrupção e da improbidade administrativa que estrategicamente impõem o caos social, negando os direitos constitucionais à população.
Embora eu possa reconhecer que venho de uma época em que se falava para namorar; se pedia uma moça em casamento e uma jovem era chamada de “garota” .Mas hoje a moda é “ficar” e a mulher é chamada de “cachorra”. Entendo, também, que a evolução inevitavelmente vem. Por isso, “não sou contra o progresso, mas apelo para o bom senso”.



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